segunda-feira, 29 de abril de 2013

Gêmeos


Sua presença me completa. E essa completude é um álamo frente ao tom grisalho que o mundo tenta nos imprimir. Somos cores vivas em meio a tanto cinza, preto e branco. Nossas cores com vida própria valsam melodias entoadas pela terra, mãe de nós todos. A terra blinda nossa amizade. Quando nossos sorrisos se confrontam eu me encontro. Você sou eu fêmea! Sua forma de falar, agir e amar é tão EU. Somos um signo. Somos gêmeos. Somos brilho de estrela. Somos lunáticos nesse mundo de grãos!
Antes de sermos grandes amigos, éramos amigos pequenininhos. E lembro que vivíamos inconformados e tristonhos neste mundo são que nos venderam. Mundo este que era tão sem graça, mas nossos corações eram tão grandes e hiperativos que tivemos que crescer... tivemos que nos tornar grandões. Hoje, como bons gêmeos, somos amigos. Grandes amigos! Os maiores amigos que o mundinho lá fora já viu!

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Anjo do Caos


Surjo nos teus sonhos no meio da tua noite,
Invado sua mente e a reviro de ponta cabeça.
Sou assim mesmo, por onde passo deixo rastros,
Vestígios, cicatrizes...
Impossível tocar-me sem se queimar!

Gosto de ser o obstáculo em suas decisões,
De te deixar confuso, te fazer esquecer nomes,
Fazer você pensar em mim,
Principalmente quando não for da sua vontade!

Foi você quem me fez o convite, lembra?
Você me deixou entrar.
E, pra ser sincera, é tarde demais para tentar me tirar de sua vida.
Estou acampando em sua mente.
Fiz de manipular seus pensamentos um vício.
Comprazo-me em aparecer sem avisar em tempos de calmaria
E verter em caos a sua vida, que até antes de mim era, tão simples.
E quando tudo estiver em total desordem...  Desaparecerei!
Como se nada tivesse acontecido.

Então você se reorganizará. Colocará os livros de poesia na estante,
Lavará e passará os lençóis brancos, tirará minha foto do porta-retrato...
Mas quando você menos esperar (Quando tudo estiver em total sincronia),
Eis que surjo novamente, sem avisar, numa ensolarada tarde de domingo
Como uma surpresa, entre meu sorriso, embrulhada e ornada com fitas vermelhas.

E mais uma vez te surpreenderei, Te farei lembrar do que nunca foi esquecido.
Fitarei seu rosto enquanto entro pela porta da frente,
Verei em seus olhos o medo que lhe acomete - você sabe do que sou capaz-.
E quando suas silentes indagações confusas quiserem externar-se,
Com meus olhos luzentes como raios solares, eu direi:
adoro ser assustadora quando chego em sua cabeça de repente.

Uma parceria entre: Breno Callegari Freitas e Karina Benevide
Conheça mais de Karina Benevides em: http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=116266

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Oh, céus!




Ela aproximou-se e eu a senti.
Ela tem cheiro de sorriso!
Percebi que algo diferente se deu em mim,
Meu Deus, como posso ser tão infantil?
Minhas bochechas enrubesceram e meus pés formigaram...
Sintomas, ridículos, de paixão!
Ela ficou em pé na minha frente a sorrir,
E como um galante cavalheiro sedutor eu escondi o meu medo.
Medo de não ser o suficiente,
Dela não gostar de halls vermelha que trago,
De dizer besteira,
De não ser inteligente o bastante,
De não estar cheiroso o bastante,
Da chuva não ser romântica o bastante,
De que meus olhos não brilhem o bastante.
Senti medo de desapontar.
Sem meias palavras ela me abraçou.
Ah, aquele abraço inesperado que amassa a sobriedade da consciência acelerando o coração...
_ Por que seu coração está acelerado? _ Ela perguntou.
_ Deve ser sua presença! _ Meu sorriso respondeu.
Ela novamente sorriu
E meu mundo, naquele momento, foi feliz,
Pois sou um céu
E o sorriso que ela me trouxe
Fez-se o brilho necessário
Que possibilitou, a mim,
Ser um céu estrelado!

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Versos de malamar




Ela ia amar e levava consigo o livro das regras.
No meio de tantos “não pode”
Eu abrochei recitando meias poesias de verdades relativas.
Ela me apresentou as normas
E sacou sua arma,
Eu enredado por seus olhos ajoelhei e ofereci flores e espinhos.
Ela quis
E depois não quis.
Foi embora
Pra voltar amanhã
E nunca mais a vi...
Exceto um dia desses quando olhei pra dentro de mim.

domingo, 21 de abril de 2013

Teus olhos, meu lar!




O céu nublado de outono
Não costuma, sorrir estrelado.
O frio da estação
Remete-nos a uma cinzenta tristeza.
Fui poeta de outonos!
Trazia comigo um sorriso roto,
Abraços desinteressados e soltos,
Beijos loucos e poucos
E um coração fragmentado em grãos.

Queria poder amar.
Mas o amor não me era permitido.
Tentei amar as estrelas
Entretanto o outono nublado
Divertia-se em escondê-las,
Para saborear a minha desilusão.

Foi quando em uma das noites tristes e
Silentes, regadas à poesia
A encontrei (minha moça).
E sem permissão prévia
Mergulhei em seus negros olhos
Deixando-me imergir
Em tão profunda alma/amor.


Nadei em águas profundas
E quanto mais fundo mergulhei,
Mais fôlego adquiri.

Esses olhos/mundo
São fontes de vida.
Rejuvenesci. Ascendi
Como um enxame de vagalumes
Vagando por uma esquina escura da vida.

- Às margens deste mar do olhar
Pude perceber que em você
Não existia outono. -

O céu estrelado
Convidativo me tirou pra valsar.
Sem perceber minhas asas voei
A dançar
A sorrir
A viver
A sentir
A amar...
Ah, como eu amo seu olhar.
Eu tenho vida no seu olhar!

Cansado de tanto valsar,
Voar e amar
Sentei-me em uma das margens de sua alma (mar)
E comecei a escrever essas palavras
Com o intuito de avisar
Que agora sou morador dos olhos teus.
Perdi-me nesta imensidão.
E por favor, não tente me resgatar!

Convulsa poética que me pariu


Eu sempre quis ser um poeta. Só não sabia que os outonos eram tão gelados atrás desta folha escrita e lida por mim.
Comecei a escrever por um acaso doloroso. Sofrimento amoroso! Meu coração foi lançado como um bibelô de porcelana em uma parede rústica de tijolos. Era tão frágil, mas foi despedaçado. Eu vi meus cacos voando sem direção. Não havia perspectiva de conserto. O estrago era nítido. Viam-se cacos e sangue por todo lado. Quase um quadro de Portinari.
O engraçado é que quando sofro, busco aparentar o inverso. Sorrisos e alegorias carnavalescas enfeitam minha mascara. Ou melhor, MASCARAS, pois enquanto vago pelo sofrimento sou pluralmente uma construção de felicidade (inexistente). Odeio dançar, mas na fossa eu requebro igual a um pardal convulso em seu ultimo minuto de vida; nunca fui de beber, entretanto quando estou sendo sufocado pelo frio outonal, bebo com a mesma voracidade de um moribundo em estado terminal frente a um xarope que curará suas mazelas. Sei que é triste essa minha necessidade de externar o avesso do que realmente acontece. E assim, buscando apresentar pro mundo os meus cacos, comecei a escrever. Queria gritar minhas paixões (mesmo que platônicas), expor minhas dores, mostrar o quanto eu posso ser um gigante dilacerado.
‘Eu sempre quis ser um poeta’, no entanto achei que poetas não sofriam; que solidão não existia pra um poeta... pensei que poetas viviam de amor. - De certo modo o é, mas é do amor dos outros. - Poucos poetas vivem do amor próprio. Eu não tenho o dom do amor próprio! - Talvez até tenha, mas não o suficiente pra transformá-lo em poesia. - Por isso, antes de me julgar feliz (ou a qualquer outro poeta), saiba que nem toda folha que a primavera dispensa se vai por conta própria. Meu sorriso é uma fábula que contei e você acreditou. Meu amor é uma crônica inventada por um deus onisciente, onipotente e ausente. Meu pai. Sou o semideus do desalento.
Esse, com certeza, é mais um texto que quer bradar algo que nunca sairia da minha boca.  

Solidão é sina



Eu tenho a sina de escrever pelas madrugas. E essa madrugada está especialmente fria. Gosto quando a natureza blinda minha escrita com o frio noturno! Hoje as nuvens esconderam as estrelas. Isso me remete ao sentimento de solidão. Na verdade, quando não temos a sensação de estarmos sozinhos? Nossos conceitos são todos baseados no egoísmo. E Egoísmo é solidão. Eu ouvi alguém dizendo algo sobre amor incondicional. Refleti e cheguei à conclusão que o amor também é egoísmo e, por conseguinte é solidão. Ninguém ama apenas pelo fato de querer o bem alheio. Na verdade o amor nasce de uma idealização. Da busca pela vida perfeita. A busca é amor próprio, e amor próprio é egoísmo e egoísmo é solidão.
Eu busco as estrelas que a noite nublada me tomou. Poderia me contentar com o friozinho, mas sou egoísta ao ponto de amar. E por conseqüência estou só.
Mais uma noite em solidão!

Falta de costume



Quero pedir...
mesmo que ninguém me ouça,
Ou que não respondam,
Mesmo que a ferida doa
Ou a falta, ainda mais, falte.
Mesmo que a inconstância fale mais alto
E o silêncio seja a frustrante resposta
E que daqui a mil anos eu morra
Sem que nunca tenha vivido, realmente, longe de ti.

Quero pedir
Que a fratura
Não seja exposta
Que, até, falte cor
som
amor
frisson
E vida.
Falte o que tiver que faltar...
Só não me deixe sofrer
Por faltar você.

Fim do mundo


Aos que sorriram momentaneamente
Sentados em suas montanhas de insegurança
Esperando que o poente sol
Findasse suas frustrações vitais e humanas...

Aos solteiros de esperança
Trancafiados em sua falta de fé
Que zombaram do fim
Clamando que este calasse a santa cientificidade...

Aos políticos limpos
Que sujaram-se com a moeda do barqueiro do inferno
E que venderam suas almas para anjos que ainda voam.
Estes que borraram suas maquiagens amedrontados com o possível eclipse...

Aos puros e santos
Que acreditaram em Deus acima de qualquer vaidade terrena
E que ergueram suas mãos aos céus
Clamando que o todo poderoso mostrasse, mais uma vez, seu poder...

Aos famintos que não tiveram tempo de reagir...
Aos analfabetos de emoção que travaram no momento...
Aos sepultados amorosamente que ficaram a idealizar um oásis em pleno Saara...

A mim que fui um pouco de tudo
E um tudo de nada
Mas que também esperei
Ansiosamente...
:
O mundo é uma bosta,
E nem pra acabar ele serve!
Por isso, esperemos todos
Fitados neste mesmo canal
O próximo fio de esperança
Que será divulgado no jornal principal da noite.



Aos utópicos


Tudo que se quer é visualizar o intangível
Não se precisa possuir
Muito menos gozar de sua plenitude
O que realmente se precisa é tocar o invisível.

O seu sorriso em mim


Ah, como é delicioso pra mim
Ver o seu sorriso nascente
Se levantar no cantinho da boca
E atravessar o seu rosto iluminando
As trevas que este mundo adquiriu
                  [no passar dos tempos.
Este sorriso que pra mim se fez o marco
Entre o meu passado e o nosso futuro!
Como pode alguém não se afogar neste
                                                   [mar?
Como pode brilhar tão cintilante, posto
                              [Que não é estrela?
Talvez este tenha sido a grande inspiração,
O grande motivo, a grande paixão
De um criador poeta, que lhe fez
Por amor a beleza... Por amor a mim.
Se teu sorriso foste meu, assim como
                                           [Sou teu,
Recitaria em voz alta um poema que
Cantasse o quão perfeito é viver
Tendo a perfeição (que és) como prenda.