terça-feira, 25 de setembro de 2012

Academia e o Desequilíbrio do Romântico


Existem poetas irresistíveis às mulheres. Além de sua exuberante poesia e oratória, são detentores de beleza física, charme e elegância. Esse com certeza não é o meu caso! Sou alto -  até de mais – gordo - até de mais – desajeitado - muito além do que se consideraria “de mais” - e além de tudo desleixado com maneiras e postura corporal. O que restaria a mim como alternativa na busca de uma parceira? Poesia... o amor proveniente do coração de um sensível e romântico poeta!
Com essas armas, se é que isso pode se chamar de armas, eu lutei pelo coração de uma jovem. Essa, que por sinal, é linda. Cabelos dourados com sinais avermelhados - resplandecentes como raios solares no fim de tarde - baixa estatura, postura ereta, olhos negros – intensos como as mais profundas águas do oceano – lábios grossos e carnudos e pele alva. Além das características físicas, ela é guardiã de intenso apreço por boa leitura – adereço que intensifica o desejo deste que lhe escreve -.
Pois bem, tudo corria bem. Senti que ela se apegou ao meu romantismo. Lia meus escritos e seus olhos profundos brilhavam, houve vezes que escrevi só para ver aquele brilho – a título da mais luzente estrela – mediante a imensidão daquele negror – comparada ao breu ludibriante do céu -. Eu a enderecei todo carinho e amor que possuía meu gigantesco corpo. Ajustei meu coração às suas formas para que mulher nenhuma pudesse arriscar roubar um centímetro, que fosse, do especo que era dela. Começamos a namorar. E rapidamente a faísca da paixão se tornou uma fogueira de amor. Passaram-se meses e a tal fogueira já estava virando um incêndio. Quando o maldito desequilíbrio chegou a nossa surreal relação. Como uma madrasta maléfica que tenta destruir o conto de fadas. Era uma noite comum. Ela se olhava ao espelho e eu admirava. Eu estava tão intertido em contemplar aquele monumento a beleza que não percebia que o que ela fazia, fazia com jeito desgostoso.
- Amor você acha que estou gorda? (Perguntou ela)
- Lógico que não. Você é linda. E afinal, quem sou eu para reclamar de gordura? (Respondi tentando implicar graça a situação)
- Minha mãe falou que estou gorda. Não quero ficar feia, você é tão perfeito que merece o meu melhor. (Essa fala foi fundamental para que percebesse que ela estava aflita)
- Vem cá meu amor. (Tomei seu pequeno e meigo corpo contra o meu e olhando em seus olhos falei) Eu lhe amo do jeito que estás, e se seu corpo mudar nada dentro de mim mudará, pois a matéria é mortal. Contudo o amor a tudo subsiste.
(Achei que mudaria a situação com essa observação ultra inspirada e romântica, mas não surtiu muito efeito.)
- Que lindo amor. Mas se eu quiser fazer academia com minha irmã você ligaria?
(Logo veio a minha cabeça meu pedacinho de perfeição envolta em um daqueles macacões super justos e um bocado de homens boçais e asqueroso a observando.).
- Lógico que não me importaria meu bem. Jamais me oporia a uma ação que lhe levaria a felicidade. A final, não existe nada que me leve mais ao êxtase do que um sorriso seu.
( O pior é que eu julguei que isso seria bom para a autoestima dela. Mal sabia eu que isso seria o fim da minha.).
Passaram-se os dias. E ela, ao invés de acordar às 7 horas matinais, o costumeiro, acordava às 5 horas. E como era de nosso feitio, quem acordasse primeiro mandava mensagem telefônica de “bom dia” ao outro. Todos os dias passei a acordar as 5 horas da manhã. Quando ela estava voltando (da academia para casa) passava em minha porta para me dar um beijo. Na primeira vez que isso ocorreu, eu fiquei pálido. Seu corpo estava, esculturalmente, marcado e exposto por aquele pedaço de “sei lá o que” que chamam de roupa. Ela estava linda, mas enquanto vinha em minha direção, os homens que transitavam por perto paravam e a observavam inertes. Como estátuas. Hipnotizados.
Essa situação me corroia. Nunca fui machista, muito menos daqueles que tinham mulheres como posse. Mas a simples possibilidade de ver outro homem desejando e, mesmo que em pensamentos, possuindo a única dádiva que tenho em minha medíocre vida me consumia. Mas aquele sorriso... aquele límpido e doce sorriso, esse era o alento de toda a minha moléstia.
No entanto, a minha saga contra a maldita academia não estava acabando. Era certo que toda noite, antes de dormir, que nós tivéssemos uma longa conversa. Além de enamorados, éramos amigos confidentes. Tudo que nos passava despejávamos sobre o outro. Risos, lágrimas e silêncio... tudo passávamos juntos, mesmo que por telefone. Por tanto, depois que essa perturbadora necessidade de malhar começou, ela desejava dormir mais cedo. O pretexto era o cansaço e a hora da alvorada matinal. Ah como isso me machucou. E agora, o que darei a ela? Carinho já estava impossibilitado, não havia tempo (pois ambos trabalhamos). O alento de minhas palavras seletas já não lhe alcançaram, pois não nos falávamos mais. Esse não foi o fim do nosso amor, pois amor não tem fim. No entanto, nos afastou. Eu precisava de sabedoria para sanar essa situação. Tentei me conformar. Não deu certo, na verdade não durou nem um dia essa minha conformação. Então desisti de tentar. Por cansaço me fiz indiferente. E por incrível que pareça em uma semana ela largou a academia. Sua queixa, era que eu não a desejava.
Vai entender o ser humano... quando busca-se solucionar os problemas, eles se fortalecem e quando o cansaço nos domina, ele se finda. Isso me ensinou uma grande lição. Não adianta esquentar a cabeça, pois quando o problema não há solução ele se soluciona sozinho. Hoje sou feliz. Sem academia e mais perto que nunca do amor.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A mobilização solidária perante a morte



Como o corte de uma navalha afiada
A brisa seca e fria dilacera minha pele.
Meus olhos parados competem com a noite.
A noite é a mais negra
E meus olhos os mais frios.
Dentro do peito batiam minhas vísceras.
Sou o que se pode chamar de vazio.
Meu cérebro é ativo e talentoso.
Muito conhecimento pra pouco coração.
Ao meu lado o velho Chinaski...
Só me sinto feliz quando o leio.
Não sei se é pela diversão de sua medíocre e divertida vida,
Ou se pelo seu solitário sofrimento interior.
Só sabe o que é dor quem sofre de solidão.

Nota:
Essas foram as ultimas palavras escritas por Jonatan Luiwiesk, encontrado morto em sua cadeira de rodas na escadaria da igreja Batista do Município de Vargem Alta nesta noite. Jonatan era aidético e faleceu por conta de uma pneumonia adquirida por exposição ao excessivo frio. O povo se encontra solidário com a comovente história do senhor de 65 anos que escolheu a morte por se sentir só, pois como ele mesmo disse, “Só sabe o que é dor quem sofre de solidão”.
Pobre homem, que Deus lhe ampare!

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Provérbios de sabedoria



A beleza é natural às rosas.
E a frieza comum entre os corações magoados.
A inércia é característica do sedentário
E a ignorância alento dos bastardos.

Aqueles que usam ironia como pedras,
Mesmo que saibam muito,
São fracos.
E os que usam flores como prendas,
Mesmo que sem nada saber,
Tornam-se amados.

Galgue em níveis intelectuais elevados
E aprenda a ser humilde.
Lute com seu íntimo
Para atingir seu malfeitor.
Conheça a regra
Pra não precisar roubar no jogo.

 Por que o esperto, o conhecedor supera.
Mas o sábio,
Que conhece o perfume das rosas...
Que renega a frieza...
Que supera as fortalezas...
Que vive bem consigo...
Esse é invencível
Tanto quanto o ar é invisível.

Micro-mundo


Enquanto sua genialidade se esconde em correções ortográficas,
Minha insignificância da cor e sentido a meu palavreado errado.
E enquanto as dores do mundo cravam punhais em seu corpo esbelto,
Retiro agulhinhas cravadas em minha enorme pança.
Por ser tão individualista sou rotulado.
Mas é no meu amor próprio que tenho a real guarida.
Não me interesso por cobertores de solteiro,
Eles deixam meus pés a mercê do frio.
Gosto do de casal... gosto de espaço.
Mas quem disse que em meu espaço não cabe você? (PEQUENINA)
Chegue sem rotulações.
Venha ouvir o que meu micro-mundo diz.
Não se preocupe em falar.
Pois me comunico por poesia escrita.
Sem sons, porém com todos os significados possíveis.
Se minha cabeça é fechada, entre pelos ouvidos...
Pois é pensando pequeno que sou feliz.