segunda-feira, 29 de julho de 2013

Pecado Casual

Olhos negros
No cio.
Clamavam-me ardentemente,
E os meus correspondiam lascivos.
Era amor.
Isso é amor.
Puro desejo
Insanidade
Vontade
Momento.
Os lábios molhados
E enigmáticos
Compensaram a merda toda.
Um desejo a menos.
Um pecado a mais.
Culpado?
Sim.
Arrependido?

Jamais!

domingo, 28 de julho de 2013

Os meados da nossa relação, menina.

Ao som de BLUES ANTHEM (Jimmy Page)

Os embargos sociais ainda não conseguiram frustrar essa minha vontade de lhe tocar.
Já não me importo com o vocabulário, ou com o passado, que ainda bate em minha porta.
Quero os versos que seus beijos, presumo eu, renderão.
Quero seus sussurros gélidos e revitalizastes, mesmo que estes me custem à verdade.
Minha boca crua, na nudez dos teus lábios sibilará o meu querer e só.
Você é a vaidade profana que meu deus estrangeiro procura.
Todo o seu ócio, quero viver em movimento,
E sua lacuna preencherei com meus lamentos.
Seremos carne e carne.
Quero-te,

Simplesmente por que te querer me faz vivo! 

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Amante solitário

A noite recaída, sobre minha fronte,
Revelada e quente convidava-me a valsar.
As vielas da pequena Cachoeiro permaneciam encantadas
Com tal magia peculiar, só existente por aqui.
-
Tudo ao meu redor estava propício a salientes libertinagens noturnas.
Os poetas já estavam com as canetas a punho
E os boêmios já tomavam os primeiros tragos.
O Eu solitário vagava; o Eu amante amava.
Assim como sempre fui: um amante do amor,
Sozinho, apesar das presenças.
-
Pela praça caminhava satisfeito, quando um samba arrebatou minha atenção.
Valsando convidado pela vida, transvie a rota, a sambar convidado pelo prazer.
-
Além da lua, uma morena descomunalmente bem projetada,
Banhava-me em devaneios sãos. Indaguei-me em pensamentos:
“Como pode existir tamanha perfeição?”
Sua silhueta esculpida em pequena dimensão por Antico,
Pele alva concebida pelas expressivas pinceladas de Leonardo,
Olhos verdes sínicos e infantis forjado no fogo de Ares e
Quadris que sambavam em compasso com as ondas do seu cabelo.
-
Mordi meus lábios em admiração,
Por descuido acabei sendo percebido.
Imagino que estava com semblante obstupefato
Ao presenciar um bailar divino
Acompanhado por tamanha engenhosidade corporal.
-
Um sorriso lascivo em minha direção se abriu,
Este era o convite esperado para nascer um “amor de ocasião”.
Aproximei-me e, com as mãos em sua cintura, “entrei na dança!”.
-
Como todo meu afinco tentei acompanhá-la,
Não logrei total êxito, contudo o sorriso permanecia, apesar dos deslizes.
Mudança de planos, sou melhor com as palavras do que com os pés.
-
_ Vamos tomar algo? _ Perguntei fitando-a.
_ Tudo bem! _ Ela respondeu lançando seus cabelos sobre mim ao se virar.
-
O papear não se prolongou ali.
Convidei-a pra um passeio a beira rio.
O Itapemirim refletia uma lua irreverente e cheia de si.
-
Minha mão, já alcançava a cintura da moça.
Contava-lhe sobre casos que presenciei nas margens de outro rio,
O Paraguassu.
Ela atenta, fingia interesse,
Eu macaco-velho, também fingi acreditar nas mentiras contada simultaneamente.
-
Encostados em um parapeito, virados para o rio, admirávamos a projeção lunar.
Ela esperava um beijo
E eu tentava formular uma estratégia pra prolongar a noite.
A manhã já dava indícios de sua tirana chegada.
Eu, a lua e a morena estávamos em uma sinuca de bico.
Cedi e a beijei.
Sabendo que nunca mais a veria e que tudo aquilo não passaria de um beijo, tentei:
_Venha comigo, vamos a minha casa!
Como já esperado ela inventou um conto e se foi.
Eu fiquei,
Assim como sempre fui: um amante do amor,

Sozinho, apesar das presenças.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Em virtude da tal idoneidade libertária

Neste jardim de complexidades que sou
Cabe a alguém regar os espinhos;
Cabe a alguém alimentar os famintos caninos;
Cabe a alguém orvalhar a vegetação quase insistente.

Nesse mar de mediocridade que sou
Cabem-me rótulos e etiquetas,
Crenças, descrenças e divindades órfãs de carinho.
Cabe a mim... sem mascaras ou esconderijos.

Pois o que sou provém do adubo alheio - também -
Assim como, as mediocridades latentes e infinitas
São incondicionalmente ligadas a mim.

Ser medíocre é tão natural quanto andar.
Reconhecer a mediocridade é um valor instinto.

 Liberdade é se assumir, apesar dos pesares!

Batendo o ponto pela ultima vez

Um relógio com badalos fúnebres toca sem perder ou retardar o compasso melódico.
Blém blém blém blém blém
E quem se deixa levar pelo transe do tempo, perde muito da vida ao som do badalar.
Blém blém blém blém blém
Por um curto momento, quando o ventou uivou,senti a doce sensação de liberdade.
Blém blém blém blém blém
Era, apenas, mais um abandono. O vento chora quando alguém de mim se vai!
Blém blém blém blém blém
As luas já não são tão resplandecentes quanto no verão passado.
Blém blém blém blém blém
Isso deve ser um sinal desta sina sinistra. Meu fim?
Blém blém blém blém blém
Já não suporto mais sofrer por sofrer e só!
Blém blém blém blém blém
A angústia badala ditando meu querer...
Blém blém blém blém blém
Não é egoísmo, é amor próprio!
Blém blém blém blém blém
Sei que não entenderiam...
Blém blém blém blém blém
Minhas palavras perderam
Blém blém blém blém blém
O sentido!
Blém blém blém blém blém
Blém blém blém blém
Blém blém blém
Blém blém

Blém 

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Uma folha desnorteada pela primavera


 Eram milhões de pessoas ao redor da pobre (de espírito) moça. Todas atônitas e rápidas passavam de um lado para o outro sem que vissem a menina. Seus olhos grandes e marejados de espanto revelavam um alguém perdido, desencontrado de si e deixado a mercê. Eu via tudo de minha janela. Eu conhecia a moça. Eu a deixei lá!
Lembro-me que quando ela chegou a minha vida, estava daquela mesma forma, perdida. E eu abri as portas do meu peito. Deixei que ela e todos os seus demônios interiores e exteriores entrassem. Só que sou casa de passagem, o preço a se pagar dentro de mim é alto e ela não teria “cacife” para tal. Muitas coisas me faltam, dentre elas o apego afetivo... ah, e posso ser bom com mentiras.
Voltando ao assunto da pobre menina; ouvi dizer que ela está ali parada (com aquela cara de cego no tiroteio) a mais de meses (desde que a despejei de mim). Ela não tem comido, não tem dormido e nem lido. Valente essa menina! Recordo-me de suas ultimas palavras: “Eu voltarei, provarei que sou boa o bastante para ficar.” Ingenuidade! Ela não voltará. Mas confesso que o fato dela estar lá fora, lutando contra seus medos e enfrentando os seus pesadelos me comove. Mas comoção não é o suficiente, o valor a ser pago é maior, muito maior do que ela é.  
O mundo é frio e seco (apesar da agradável temperatura que faz detrás dessas janelas no topo deste edifício.) e não acredito que ela suporte ficar muito tempo ali parada. Em breve ela se cansa ou deixa de suportar a baixa temperatura! Logo o que ela acredita ser eterno passa! Sem tardar ela aprenderá que ao invés de me esperar, ela deve procurar o “eu” (dela) perdido no passado!

Não adianta esperar por algo concreto se és mera abstração!