sábado, 14 de setembro de 2013

O tragar do relógio, e as falas dos cães que se arrependeram tarde de mais




Ao som de Minority, Bill Evans

A cada trago vertido
Sinto que o relógio da vida
Crava uma hora a menos.
Saboreio, face a face, a despedida.

E me engraço com moças desnudas
Sem temer o, egoísta, arrependimento.
Guardo o amor de mil putas putas,
Por saborear mil, inesquecíveis, momentos.

Guarde para si suas piegas piedades.
E não me rotule “coitado”, quando chegar o fim.
Sou um réprobo colecionador de maldades
Um infinito, que mesmo morto, não terá fim.

Meus curtos momentos foram vividos a mil,
Nada que entenda você, que vive contando dias
Num calendário que usurpa tudo de viril
Que existe na cripta que chamas de vida.

Passaste por aqui, e da sua sombra já me esqueci.
Desafio-lhe a entender o que sou e depois despir-se de mim.

As horas se vão num ritmo que já não acompanho,
Desculpa mas já vou viver um outro tanto ali,
Bem longe da face do seu espanto

Que vela, o desejo, de liberdade que encontras em mim.

sábado, 7 de setembro de 2013

A menina que tira fotos sem roupa


Para a maior poetisa baiana da história!

Cansei de imaginar-te comigo.
Cansei de imaginar-te.
Cansei de cansar.
Depois de tudo que vivemos, ainda lhe vejo sorrir.
Quando repousará sua cerne sobre meu peito, menina?
Quando me fará dissolver em poesia?
Suas roupas, sem importância, que se percam por aí.
Sua boca, em chamas, que se perca em mim.
Quero lhe contar um segredo,
Mas este, guardo pro dia em que lhe tomarei em meus braços...
Algo tão nosso, que lhe fará ser de novo a menina

Que outrora morou nos meus, primeiros, versos.

Ela gostava de gatos


Para a maior poetisa baiana da história!

Que merda! ela gosta de gatos.
Quem gosta de gatos? ela!
Deitada, lendo Veríssimo,
Ou a luz da lua com sua tatuagem pousada sobre o braço...
Alguém gosta mesmo de gatos?
Banhada por minhas mais sentimentais mentiras
E cultuada por meus instintos abstratos...
Como pode gostar de gatos?
Sou do seu interesse particular, mais profundo!
Mesmo que me esqueça, às vezes,
Sei que no âmago, ela espera que eu vá buscá-la.
Mas por que gatos?
O cheiro,
O perfume,
Os pelos,
Os cabelos,
As patas,
As taças...
...

Que se danem os gatos!