segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Toques

Toco-me com ardor.
Toco-me sem temor.
Toco-me por gostar
Toco-me para saborear.
A saliva gustativa escorre
Lentamente pelo seu corpo percorre...
E como quem imagina te tomo,
Num toque delirante nos somamos.
A realidade é relativa,
Pois nesse jogo tu és minha.
Mesmo não estando presente
Apalpo-te ardentemente...
E toco-me
Como quem te toca
Amo-te
Como quem pode realmente te amar.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Divindade do meu amor

Mesmo que sua divindade você renegue,
Eu a enxergo, ouço e sinto.
O brilho reluzente que emana da sua pele,
É a razão para o que no mundo tem-se de mais lindo.
Meu anjinho. Anjinho sem asas, anjinho medroso...
Vem que em meus braços te protejo do escuro.
Oh, anjinho sorridente e amoroso
Dou-te tudo que esguicha do meu peito... O que de mim é puro.
Não tenho o céu... E não prometerei as estrelas!
Mas dedico a ti meu amor, expresso nesse poema.

Os amigos

Tenho bons amigos.
Na verdade tenho os melhores.
Pois amizade verdadeira
Nasce, cresce e não morre.
E como um campo florescido
Exala cor e vitalidade,
Bons amigos
Dão surrealismo a inerte realidade.
Pois o que é a amizade
Além de um amor fraternal
Que nasce de um sorriso sem maldade
E perdura por uma vida de vaidade?
 Posso ficar velho para o mundo,
Mas sempre serei com eles um menino vagabundo!

sábado, 21 de janeiro de 2012

Choro como menino



Em um desses dias, enquanto eu observava as estrelas
Eu ouvi sua voz doce por detrás do meu ombro a me chamar.
Estranho! Deve ser que a cabeça aceita,
Mas o coração ainda insiste em te amar.
Isso eu acho, pois te vejo toda vez que insisto em fechar meus olhos.
Mas não te reconstruo de forma corriqueira e normal.
Em meus sonhos és a brisa do outono
Que vem do norte trazendo a vida em pólen e refrescando o litoral.
Concebo-te também como orquídea
 Que como erva daninha
Toma-me o corpo e me enfeita com suas cores e beleza,
Obra rara da natureza!
Dádiva divina!
Sonho de amor, materializado em menina.
Sei que se foi... O adeus mal tragado ainda ecoa em meus ouvidos.
Meus olhos tristes se desviam do alvo
Pois minha meta, sem deixar o endereço,desviou-se do destino.
Não contente em ir embora, ainda deixou-me a chorar como um menino.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Parábola da fitinha vermelha (Conto)


Reza a lenda... Que num dia ensolarado os anjos cantavam ardentemente no céu, pois o criador passara sete dias trancado em seus aposentos criando. Ele já havia feito um universo e seres viventes em sete dias, qual será sua nova criação!? A euforia no céu era tão grande que até os anjos guerreiros cantavam de ansiedade no celestial coro, que reunido estava na porta da grande morada do poderoso. O boato correu rápido que até o ex-brilhante Diabo com sua trupe foi conferir o feito do bom velhinho. Lógico que não tiveram permissão para adentrar no resplandecente lugar, mas o velho astuto ripe resolveu sentar-se e acampar nos portões divinos.
As portas se abriram e em um “brado retumbante” O Barbudo todo poderoso sorridente disse: - Parem a cantoria! Abram os portões do paraíso e deixem o capeta entrar... Miguel, acompanhe Satanás e os seus agregados até o pátio principal da zona franca celestial. Agrupe também os anjos nas arquibancadas e traga os humanos que habitam a Terra... Irei me pronunciar e apresentar o futuro da humanidade.
Assim foi feito, os infernais ficaram sentadinhos no chão próximo à saída.  Os anjos lotaram as arquibancadas e como em um jogo do Flamengo, todos gritavam hinos venerando o grisalho patriarca. Os últimos a chegar foram Eva e Adão, Caim não apareceu... Sabe como é vida de fugitivo!
Fitando a platéia deus parecia ansioso, mas como é detentor da suprema sabedoria preferiu escolher as palavras certas para seu pronunciamento. Depois de alguns segundos olhando para o público que apreensivo esperava, disse:
- Senhora, Senhor, anjos e seres diabólicos... Apresento-lhes o “relacionamento”...
 E com suas mãos fartas tirou do bolso uma fitinha vermelha. As reações foram múltiplas. Os anjos como sempre deram glória a Deus e dançaram comemorando seu feitio. O diabo se derreteu em gargalhadas tentando menosprezar a sapiência do soberano, e os demônios assim como os anjos seguiram as emoções do seu mestre. Os humanos foram os últimos a manifestarem-se. Eva logo sorriu pensando em como aquela fitinha ficaria bem em seu braço, ou então, como ficaria linda prendendo seus ruivos cabelos. Adão agreste bocejou e pensou: - Senta que lá vem à história. E o primogênito dos humanos estava correto, pois logo em seguida o Grande completou:
- Prezados, o “relacionamento” é algo que nós, seres espirituais, não exerceremos da mesma forma que os humanos. O relacionamento celeste será fraterno e eterno. Aqui no céu, nós nos amaremos incondicionalmente e eternamente, assim como sempre fizemos. Contudo como os humanos pecaram e mereceram correção, que já está em vigor, eles estão vivendo no mundo sendo submetidos a dores, chagas e outras porcarias... No entanto, eu os amo! E por isso criei uma forma que quando somada ao amor será o pilar desta passagem pelas provações(TERRA).
Pois bem, o relacionamento nada mais é que essa fitinha. Onde os cônjuges seguram nas extremidades; ela servirá para uma completa harmonia da vida a dois. Com o “relacionamento” vocês aprenderão a usar o amor além do sexo e da procriação; esse amor será limpo, coeso, firme e acima de tudo durará a vida toda. Mas para isso as metades têm que ser zelosas, pois a cada mácula no relacionamento a fitinha encurta um pedacinho... E se não houver a preocupação necessária ela ficará tão pequena que será insustentável segurá-la. Por isso passando pela saúde ou pela doença, pobreza ou riqueza, vitória ou derrota... Sempre ame seu parceiro como a si mesmo e cuide dele como se fosse único, pois esta fitinha não é facilmente encontrada, ela só é adquirida pelo “PURO” e “VERDADEIRO” AMOR.
Depois desse pronunciamento a vida dos humanos mudou. Agora eles conseguiam viver em dois corpos usando apenas um coração. O problema é que as pessoas não receberam o manual celeste para utilizar o santo objeto e na atualidade faz-se ao léu. E quem alcançar este escrito saiba que o segredo dos relacionamentos é não deixar a fitinha encurtar, pois uma vez curta e insustentável nunca mais ela se restituirá. Assim sendo, não se descuide do que está em suas mãos... Pois o amor é igual à água: quando seguro na palma da mão, o mínimo descuido o lança por terra... “E não adianta chorar sobre o leite derramado”.
Autoria de Breno Callegari Freitas
Corrigido e revisado por Josiane Callegari Freitas

Palavras póstumas


O corpo inóspito parecia descansar em sono silente.
As cores fúnebres velavam o cadáver que ali jazia.
Uma coroa de cravos homenageava solenemente,
O ser ex-crente que ali morria.
Naquela sala cinza, onde declinou o inverno,
Sussurros mudos levaram mais uma alma para o inferno.
Palavras rebuscadas transcreviam a sangue nas paredes
“o silêncio é o pai da palavra”...
E como uma gota d’água mata a sede
O medo a mais uma vítima sagrava!
Assassinato cruel de poltrona como sede
Assentado esperava a sorte...
O destino astuto o confidenciou a morte.
Tratava-se de um ex-poeta, servidor público... careta
Que largara o papel e a caneta
Para morrer com o fardo de mal viver.
Morte preanunciada pelo assassino
Que executou tudo de forma sucinta
E morreu consecutivamente sem sofrer.
Auto-analisado vejo o sangue que de minha mão escorre
E sentado sinto-me ferido como quem morre.
Descansado nessa poltrona fui assassinado
Morto por mim em covardia díspar.
Ato fruto de um coração faiscado
De excesso de tempo e falta do amar.

O sol


Acordo antes do clarear do dia
Sem tomar café dirijo-me ao emprego.
Trabalho em cada empresa doze horas... uma vida!
No inicio do expediente para a lua cansada eu aceno.
Tenho orgulho do meu ofício, nele sinto-me resplandecer.
Gostaria de continuar a conversar...
Mas com licença,
Pois agora tenho que amanhecer.

O grito de adeus

Eu cansei de assistir seu show sentado.
Quero ocultar-me em pé.
Sou um cão submisso revoltado,
Apaixonado por uma mulher.
Gritei latidos dissonantes de uma melodia bemol,
Vaguei por oceanos em busca de um farol.
Aprendi a cantar como arcanjos no ócio
E cantando me converti ao cio.
Suas luzes vermelhas,
Ofuscam o brilho do meu cabaré.
A vida que em si carregas
Tirou o chão do meu pé.

Saudade do meu Nordeste


Da janela do meu arranha-céu
Vejo o Tietê chorar.
O tom cinza do ar.
E as embalagens do artificial mel.
-
Vejo as frutas forçadas a amadurecer,
As crianças forçadas a amadurecer,
A morte como maçã amadurecer,
A vida pelos anos desfalecer!
-
Saudades mil do meu Nordeste
Terra santa do cabra da peste.
Lugar sereno e encantador
Detentor do meu sorriso e amor.
-
Saudades dos banhos no Paraguaçu
Noites ritmadas ao som do maracatu,
Samba de roda no terreiro.
Há! Como bate forte no meu peito.
-
Bate forte a falta de em ti estar,
Pois em mim nunca sairá
As terras celestes
Do meu Nordeste! 

Livre arbítrio

O livre arbítrio arbitrário
Que no ventre paterno
Foi herdado...
É o mesmo direito
Que me impede de morrer
Sem a vida perder.
Contudo na poesia
Essa lei eu transgrido
Percorro a simetria...
Me faço transmitido.
Morro e sobrevivo
Nesse jogo de polícia
Sou bandido.
Assim eu vivo.
Livre sem arbítrio!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Fim do poço


Não se apeteça amor!
O poço termina numa escada!
Sei que é da queda que brota a dor.
E suas lágrimas são setas apontadas
Para um caminho inverso ao sofrimento.
Caminho do vento!
Um caminho de álamos na primavera.
E como as folhas secas no chão
Que o vento leva.
Leve também do seu peito a desilusão!

Calei sua boca


Calar sua boca é meu desejo...
Adoro ouvir sua voz anja minha,
Mas prefiro o brilho da sua boca linda
Depois que eu calar-te com um beijo.
-
Seu sorriso são palavras lindas de amor.
Que me envolvem num eterno romance,
Alfabetizando minha dor
Colocando a felicidade ao meu alcance!
-
Calaria sua boca com versos em cor...
Ou te presentearia com as estrelas que daqui almejo
Poderia calar-te de muitas formas, amor...
Mais ainda prefiro o fazer com um beijo!! 

Cachos


Fiz-me gota para navegar pelas ondas de seu cabelo.
Sendo chuva, desvendei sua forma deslizando por seus traços.
Abri meu peito para receber seu selo.
Tornei-me sombra para observar seus passos.

Sentindo o amor desejei teus lábios,
E a solidão se foi como folha no outono.
Implorei, dentre a aquarela, sua cor aos pássaros,
Que trouxeram um cacho do seu cabelo como bônus.

Desfazendo o selo, guardei-o no peito.
Ao lado dos mais belos sonhos e devaneios.
Vem você navegar comigo...
Que juntos o amor alcançaremos. 

O sorriso

Que brilho tem as estrelas?
Que beleza tem o azul do céu?
Quem sou eu?
Perto do sorriso seu?
-
Seu sorriso é...
O conjunto do brilho das estrelas do mundo.
Seu sorriso é...
A serenidade do orvalho que molha o campo.
Seu sorriso é...
A o afago de um abraço apertado.
Seu sorriso...
É o alento do toque do vento.
Seu sorriso...
É o alicerce do meu coração...
Sem seu sorriso...
Vivo em vão!

Vivo em vão!