terça-feira, 21 de agosto de 2012

A tal felicidade

Chega a ser assustador a dinâmica da felicidade.
Uns com quase nada são felizes
E outros, mesmo com abundância, padecem na infelicidade.
O dinheiro que orna pescoços e dedos com joias, volta e meia, arranca um sorriso.
Contudo nada mais estimulador (de sorrisos) que um prato de comida destinado com carinho a um conhecido faminto.
Ah, sei lá. Acho que a felicidade está ligada a simplicidade.
Dormir é simples.
Comer é simples.
Amar é simples.
Admirar o sol poente, com a brisa úmida acariciando a face... Ahhh, perfeito! E simples.
Talvez a felicidade esteja dentro de um frasco tampado no fundo de nossos desejos.
Basta abri-lo e aceitar-la com o que se têm, e como se é.
Mudar, transformar, acrescentar, distorcer, doar-se integralmente... pode ser complexo demais para uma felicidade tão simples.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Amo a noite


A reconfortante escuridão do céu noturno me toma em prazer.
As estrelas, em milhares, cantando uma silente melodia reluzente.
Cingem de sagrado o negror orbital celeste.
Sardas cintilantes são as estrelas.
Lá no alto do negrume a Lua é a protagonista.
Onde as sardas, cantantes e luzidas brindam melodicamente sua beleza de amante.
Minha amante!
Descrita e recitada por mim noites a fio.

Recitais e serenatas românticas a deusa de brilho impar.
Lua como tu és amada por este comum humano!
Escuridão e sardinhas fulgentes também as amo.
Mas o que me toma por gosto é o silêncio.
O silêncio é a mandraca do viver.
O silêncio é o canto das estrelas e o ressoar das ondas do breu.
A resposta da Lua aos meus suspiros e pedidos é o silêncio.
O silêncio é paridor:
De sonhos,
De esperança,
De conforto,
De ideias,
De beijos,
De escárnios,
Da voz.
O silêncio é o nada.
E o nada é a possibilidade da existência.
Se pode, logo existe!

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Bruxaria

Saia da minha presença sua bruxa de mãos rápidas.
Não te quero por de baixo da minha pele.
Pensa que não sei que és tu que fazes meu coração palpitar?
Teu feitiço é único (macumba singular).
Arrebatou-me desta vida,
Transformou-me em homem comum (edição popular).
Tirou minha vontade de ler;
Escrever já não consigo;
Pensar não é mais comigo.
Só consigo me rastejar,
Admirar seus olhos negros de bruxa virginal,
Seus cabelos loiros de ouros feitiços e
Sua pele alva, com pouca vida, e muito charme.
Ah bruxa, por que me amaldiçoas-te
A ser teu escravo?
Escravo de encanto (encantado apaixonado).
E por essas ruelas de amor, amarrado vou.
Refém de teu afago,
Sedento do teu amor!

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Dialética da minha poesia (Borboleta)


A arte de muitos é baseada em firulas literárias complexas.
Eu, porém, considero uma arte nobre quando esta é dotada de complexos sentimentos.
Palavras são apenas palavras.
Entende-se melhor analisando a metamorfose da lagarta que enoja a muitos.
E quando se recolhe em mutação
Em poucas horas se mostra um dos seres mais exuberantes e belos...
Borboleta!
O que é uma borboleta, a não ser uma lagarta com asas?
Assim se dá minha poesia.
Palavras comuns (lagarta) que transcrevem complexos sentimentos (asas).