sábado, 18 de maio de 2013

Explicações


Deve existir explicação para o amor...

Quando andei perdido
Eu via sua luz
Eu via o seu farol
Mas não interpretava o apontamento.

Quando andei desiludido
Eu sentia sua fragrância,
Eu gostava,
Mas não a tinha como minha.

Quando me entreguei ao incerto
Eu percebia sua certeza.
Sua certeira seta de apontamento.
Pra mim eras, uma certa, utopia.

Quando eu cansei de viver
Percebi sua vida,
E como quem não tem a perder
Sem medos
E métricas
E métodos
E estrofes
E versos
E mentiras
Vivi!
Em você,
Por você...
Hoje, me abasteço
De nós
E por nós.

O amor se explica quando você sorri. 

sábado, 11 de maio de 2013

Encaixe




Parece que se encaixa...

Os seus acertos e os meus defeitos.
A sua clave com os meus acordes.
Os seus lencinhos com minhas lágrimas.
A sua vida com a minha fábula.
A suas asas com o meu ventar.
O seu sorrir com o meu chorar.
A sua luz com a minha sombra.
O meu joelho com a sua reza.
A minha vida com a sua essência.
O meu suicídio em sua ausência.
O seu cantar e a minha poesia.
O meu desabrigo e a sua moradia.

Parece que se encaixa:

O meu sonhar e o seu acordar.
O meu agir e o seu esperar.
Meu movimento e sua paciência.
As coisas boas e as demências.
O tempo parado ao lado teu.
As noites mal dormidas ao lado meu.
Os sonhos vividos com olhos fechados.
A vida de antes... os cacos.
O meu feio e o seu bonito.
Os meus gerúndios e os seus infinitivos.
O perfume novo que você me deu.
A cor antiga que você perdeu.
O mar de amar na qual os pés molhamos.
O que em nós surge, quando nos olhamos.
Parece, até, que a gente se encaixa!

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Entre o altar e a cruz


Três freiras obesas
Ajoelhadas
Voltam-se ao altar a rezar.
De onde olhar
Perceberás que elas
Parecem iguais.
Velhas
Gordas
De joelho
A rezar.
Mas o que todos
Não sabem
É que cada uma
Esconde um pecado
Terrivelmente assombroso.
A primeira é gulosa
Come por prazer
E se empanzina até vomitar.
Esta reza pedindo controle.
A que está ao meio
É sádica.
Excita-se em ver crucificações,
Chicoteamentos,
Torturas,
Talvez este seja o maior motivo
De ela ter se fadado a ser carmelita.
Esta outrora, reza pedindo
Libertação (mesmo adorando estar presa).
A ultima é mentirosa
Vive em uma realidade criada.
Nas noites de refeições coletivas
Diverte as outras irmãs
Com histórias mirabolantes
De seu passado de “moleca”.
Esta, por sua vez, reza para que nunca
Descubram nada do seu passado verídico.
O mais intrigante é que nos dias de confissão
Todas escondem suas transgressões.
Talvez, essa seja a maior característica de um humano
Querer a abstenção sem pagar o preço.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Frações de tempo


Esse dia não passa!
E esses pensamentos permanecem
juntamente com a solidão.

Eu contos as areias que descem pela cintura do tempo
e desembocam em um mar de possibilidades perdidas.

Sinto falta da ausência,
e a presença me assombra.
Tenho fé no que morreu
e medo do que está vivo.

Queria, de coração, um grande amor,
mas o que cresce realmente em mim
é a angústia.
O amor, talvez, não seja pra mim.

Esse dia não passa,
pois deve ser engraçado me ver morrer aos poucos.

sábado, 4 de maio de 2013

Como em um sonho


Eu permanecia em minha cama deitado
Enquanto meus pensamentos
Juntamente com meus sentimentos
Rodeavam-na em abstrata observação.
Neste momento tomado estava
De um visível e real encanto.
O que será isso meu Deus...
Desejo, curiosidade, idolatria?
Antes de concluir o que pensava
A vi entrando pela porta
E em salto me pus de pé a encará-la.
Ela sorriu (Ah, como eu gosto daquele sorriso!)
E paralisado fiquei diante de tal divindade.
Pude perceber que seus cabelos soltos
Alcançavam a cintura. (Ah, como eu gosto daqueles cabelos!)
O silêncio tomava o espaço que nos envolvia
E antes que eu ousasse quebrá-lo
Ela beijou-me.
Seus lábios me tocaram causando frisson
Doçura e desejo
Volúpia e sinceridade.
Senti nossas almas entrelaçadas
Assim como nossas línguas.
Partindo do diafragma ascendeu uma fagulha
Queimando um pavio rumo ao coração
Que explodiu incendiando meu corpo
Como chama incessante de paixão.
Meus olhos brilharam como um farol
Anunciando aos perdidos, que aquela boca era minha guia.


Tudo seria perfeito, se não fosse uma luz invasora
Que adentrando minha janela me despertou
Do melhor e mais saboroso sonho que tive...
Sonho de amor!

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Caso Perdido

Será você um caso perdido?
Um caso perdido de sorriso perfeito
De perfume ao vento
De desejo sem sentimento?

Será você um caso perdido
De amor sem amar
De medo de mar,
medo de amar...
De água sem sal
De mar sem profundidade?

Será que eu lhe perdi, caso?
Caso “sim”, perdoe-me!
Caso “não”...
Não se vá!
Pois ainda há muita água
A rolar
No mar
(profundo)
Do meu amar.