sábado, 30 de junho de 2012

Vendo de baixo


Decorei com vasos floridos a porta na intenção de transforma-la em janela.
E cansando de cansar,
Deitei no chão para observar quem passava.
Descobri que o Padre usa um Nike branco,
E que a mulher do açougueiro tinha um dedo a menos.
Empolgado a ousar
Virei de barriga para o céu
E lá de baixo observei as nuvens, que pareciam ainda mais distantes.
Senti-me sob guarida.
Percebi que o chão não é alvo constante do olhar das pessoas,
Assim posso observar sem ser percebido.
O lugar certo. O melhor lugar
Para um maluco poeta criar, observar e sonhar.
Agora afirmo, sem por jeito hesitar:
Tolo é aquele que acredita
Que o que vem de baixo não machuca.

Tapeçaria d’versos

Meu tapete não é caro nem raro
Mas nele guardo a poeira de toda uma vida.
Não é trabalhado em linho fino
Contudo detém a moldura exata dos meus pés.
Em fim
O valor desta história não pode ser descrita pela crítica
Assim como não posso contestar o padrão utilizado para o
BELO.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Um problema

Como um mísero riacho
Que serpenteando agilmente pelo mato se vai,
A vida passou.
E sendo insensato, em dobras, descobri amor...
Amor que passou por mim várias vezes
Em saias diferentes ou em calças jeans.
Amor de sorriso resplandecente
Ou de olhar tão fundo... que perdido não encontrei o fim.
Já amei rapidamente
E em alguns casos cansei de amar!
O grande problema,
Talvez comigo
Ou
Quem sabe com o próprio amor,
É que só o compreendo
Quando ele por fim
Torna a me abandonar!

Poesia em suma

Quando ele escreve seus versinhos
Uma bomba emotiva explode.
E quando o lê em voz alta
O sentimento de utilidade ecoa.
Os transeuntes que o escutam recitar
Morrem de rir do jovem que se sente poeta,
E com suas miseras riminhas
Gesticula interpretando e vociferando o poema.

Assim é a arte da poesia.
Assim é a arte do poeta.
As rimas mais exuberantes perdem o sentido quando não sentidas,
E o sentimento quando transcrito,
Atingindo a uma alma que seja,
Esse sim provém de dentro de um verdadeiro poeta.

terça-feira, 12 de junho de 2012

O tempo e as virtudes



Enquanto muito é pedido
Oferto o necessário!
Se distribuir tudo aquilo que tenho
Aos porcos dei as flores que semeei com carinho e cuidado.
Meu jardim é exuberante,
Pois dediquei meu tempo a cultivá-lo.
Não questione minha bondade,
Ela ainda é um botão não abrochado.
Quando precisar de cor e perfume,
Plante uma semente...
Dedique-se de coração
E seja paciente,
Assim serás muito bem recompensado.