domingo, 4 de março de 2012

Fome

Sentei a mesa.
O cheiro da comida me dava asco.
Estava acompanhado.
Na outra cadeira sentava-se a fome.
A fome me consumia.
Ela me comia...
E eu não queria a comida.
Olhei ao meu redor e haviam humanos gordos.
Gordos de ego.
Eu odeio o sabor do ego!
Pensei nos talheres,
Nas mesas, cadeiras,
Lâmpadas...
Mas eles não me excitavam.
A morte já tinha me devorado da cintura para baixo.
Nada nesse mundo me fazia feliz
A não ser minha tenra pele.
E eu a comi.
Como quem come por amor,
Como quem saboreia uma flor
COUVE-FLOR.
Minha pele, meus olhos...
Faltou a mão,
Largarei a caneta
E como se faz com a melhor parte
Comerei bem devagar.
Sim, a melhor parte do meu corpo são minhas
MÃOS.

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