sábado, 10 de março de 2012

Condição de mulher (Conto)


Despedi-me dos meus colegas de trabalho, andei em direção ao meu carro... “NOSSA! Que loira linda!”, esse pensamento foi expresso por minha boca em palavras. Momento insano! Não sou um desses boçais que expõem as mulheres “recitando” “suaves” obscenidades.
De repente, percebi que a loira parou a uns quatro metros de mim e estava a encarar-me. Minha face que estava rubra derreteu-se de vergonha. O pior foi quando a percebi se aproximar. Rapidamente desativei o alarme, abria a porta e quando eu fui virar a chave... “Cunha!?” Ela sabia meu nome. Na hora meu coração veio à boca, meus olhos estatelaram-se e minha face derretida e rubra parecia esquentar. Como sabe meu nome? Macumba? Bruxaria? Uma dessas orações gritadas?
Como, eu não sei. Mas reconfigurei meu rosto, escondi
alguns dos muitos dos sentimentos, que me invadiram e cirandavam em meu peito, e a respondi: “Pois não!?”... “Não está reconhecendo-me? Sou eu, o José da escola secundária, jogávamos xadrez juntos...” Ele... ela continuou falando, mas não lembro o quê, pois meus pensamentos pararam. Quer dizer que José é a loira gostosa que me encantou há pouco!? Lembro-me de ter voltado meu olhar ao seu rosto novamente, ela falava sobre uma cirurgia, mas não prestei atenção. Gente, não pode ser o José! Ele virou mulher e uma muito linda! Logo entendi sua condição de existência... ele era uma mulher! E eu a aceitava. A conversa não teve futuro, pois eu ainda estava em estado de choque. Nós nos despedimos e ela se foi.
Virei à chave e prossegui para casa pensando. Contudo o foco do pensamento mudara. O que eu não entendi... e ainda não entendo é a condição de mulher da Mulher. Há pouco estive com um homem que virou mulher, mas nunca estive com uma mulher que é totalmente aceita como mulher.
Mulheres são: MÃES, companheiras [seja através de uma amizade ou relacionamento amoroso], amantes [e fazem isso muito bem, por sinal], profissionais, enfermeiras [muitas vezes sem saber exercer a profissão, usam seu instinto afetivo], etc. ... Elas são tudo isso, menos mulheres! O tempo passou e elas começaram a ocupar o espaço que outrora era destinado aos homens, mas isso não é suficiente!
A questão estava posta, mas onde se encontra o problema?
Em mim... em nós! Ainda há quem as submeta, muitas vezes inconscientemente, a um machismo dominador... quem disse que elas não sabem dirigir, que o homem é a cabeça do relacionamento, ou que elas possuem inteligência inferior ao gênero oposto, afinal, adianta esbanjar neurônios sem usá-los? Não!
O que é necessário é a alforria do grilhão que prende o ser a uma dimensão alienada e excludente. Todos são criaturas iguais. Que as mulheres sejam mulheres!

Autoria de Breno Callegari Freitas
Corrigido e revisado por
Josiane Callegari Freitas

Um comentário:

  1. Meu amigo.
    Venho agradecer tua visita ao Lírio das Almas.
    Pois é. Ainda grassa na sociedade um preconceito contra elas, justamnete quem gera vida.
    Seja sempre bem vindo, um abraço.

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