sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Parábola da fitinha vermelha (Conto)


Reza a lenda... Que num dia ensolarado os anjos cantavam ardentemente no céu, pois o criador passara sete dias trancado em seus aposentos criando. Ele já havia feito um universo e seres viventes em sete dias, qual será sua nova criação!? A euforia no céu era tão grande que até os anjos guerreiros cantavam de ansiedade no celestial coro, que reunido estava na porta da grande morada do poderoso. O boato correu rápido que até o ex-brilhante Diabo com sua trupe foi conferir o feito do bom velhinho. Lógico que não tiveram permissão para adentrar no resplandecente lugar, mas o velho astuto ripe resolveu sentar-se e acampar nos portões divinos.
As portas se abriram e em um “brado retumbante” O Barbudo todo poderoso sorridente disse: - Parem a cantoria! Abram os portões do paraíso e deixem o capeta entrar... Miguel, acompanhe Satanás e os seus agregados até o pátio principal da zona franca celestial. Agrupe também os anjos nas arquibancadas e traga os humanos que habitam a Terra... Irei me pronunciar e apresentar o futuro da humanidade.
Assim foi feito, os infernais ficaram sentadinhos no chão próximo à saída.  Os anjos lotaram as arquibancadas e como em um jogo do Flamengo, todos gritavam hinos venerando o grisalho patriarca. Os últimos a chegar foram Eva e Adão, Caim não apareceu... Sabe como é vida de fugitivo!
Fitando a platéia deus parecia ansioso, mas como é detentor da suprema sabedoria preferiu escolher as palavras certas para seu pronunciamento. Depois de alguns segundos olhando para o público que apreensivo esperava, disse:
- Senhora, Senhor, anjos e seres diabólicos... Apresento-lhes o “relacionamento”...
 E com suas mãos fartas tirou do bolso uma fitinha vermelha. As reações foram múltiplas. Os anjos como sempre deram glória a Deus e dançaram comemorando seu feitio. O diabo se derreteu em gargalhadas tentando menosprezar a sapiência do soberano, e os demônios assim como os anjos seguiram as emoções do seu mestre. Os humanos foram os últimos a manifestarem-se. Eva logo sorriu pensando em como aquela fitinha ficaria bem em seu braço, ou então, como ficaria linda prendendo seus ruivos cabelos. Adão agreste bocejou e pensou: - Senta que lá vem à história. E o primogênito dos humanos estava correto, pois logo em seguida o Grande completou:
- Prezados, o “relacionamento” é algo que nós, seres espirituais, não exerceremos da mesma forma que os humanos. O relacionamento celeste será fraterno e eterno. Aqui no céu, nós nos amaremos incondicionalmente e eternamente, assim como sempre fizemos. Contudo como os humanos pecaram e mereceram correção, que já está em vigor, eles estão vivendo no mundo sendo submetidos a dores, chagas e outras porcarias... No entanto, eu os amo! E por isso criei uma forma que quando somada ao amor será o pilar desta passagem pelas provações(TERRA).
Pois bem, o relacionamento nada mais é que essa fitinha. Onde os cônjuges seguram nas extremidades; ela servirá para uma completa harmonia da vida a dois. Com o “relacionamento” vocês aprenderão a usar o amor além do sexo e da procriação; esse amor será limpo, coeso, firme e acima de tudo durará a vida toda. Mas para isso as metades têm que ser zelosas, pois a cada mácula no relacionamento a fitinha encurta um pedacinho... E se não houver a preocupação necessária ela ficará tão pequena que será insustentável segurá-la. Por isso passando pela saúde ou pela doença, pobreza ou riqueza, vitória ou derrota... Sempre ame seu parceiro como a si mesmo e cuide dele como se fosse único, pois esta fitinha não é facilmente encontrada, ela só é adquirida pelo “PURO” e “VERDADEIRO” AMOR.
Depois desse pronunciamento a vida dos humanos mudou. Agora eles conseguiam viver em dois corpos usando apenas um coração. O problema é que as pessoas não receberam o manual celeste para utilizar o santo objeto e na atualidade faz-se ao léu. E quem alcançar este escrito saiba que o segredo dos relacionamentos é não deixar a fitinha encurtar, pois uma vez curta e insustentável nunca mais ela se restituirá. Assim sendo, não se descuide do que está em suas mãos... Pois o amor é igual à água: quando seguro na palma da mão, o mínimo descuido o lança por terra... “E não adianta chorar sobre o leite derramado”.
Autoria de Breno Callegari Freitas
Corrigido e revisado por Josiane Callegari Freitas

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