sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Palavras póstumas


O corpo inóspito parecia descansar em sono silente.
As cores fúnebres velavam o cadáver que ali jazia.
Uma coroa de cravos homenageava solenemente,
O ser ex-crente que ali morria.
Naquela sala cinza, onde declinou o inverno,
Sussurros mudos levaram mais uma alma para o inferno.
Palavras rebuscadas transcreviam a sangue nas paredes
“o silêncio é o pai da palavra”...
E como uma gota d’água mata a sede
O medo a mais uma vítima sagrava!
Assassinato cruel de poltrona como sede
Assentado esperava a sorte...
O destino astuto o confidenciou a morte.
Tratava-se de um ex-poeta, servidor público... careta
Que largara o papel e a caneta
Para morrer com o fardo de mal viver.
Morte preanunciada pelo assassino
Que executou tudo de forma sucinta
E morreu consecutivamente sem sofrer.
Auto-analisado vejo o sangue que de minha mão escorre
E sentado sinto-me ferido como quem morre.
Descansado nessa poltrona fui assassinado
Morto por mim em covardia díspar.
Ato fruto de um coração faiscado
De excesso de tempo e falta do amar.

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