Lembro-me que quando ela chegou a minha vida, estava daquela
mesma forma, perdida. E eu abri as portas do meu peito. Deixei que ela e todos
os seus demônios interiores e exteriores entrassem. Só que sou casa de
passagem, o preço a se pagar dentro de mim é alto e ela não teria “cacife” para
tal. Muitas coisas me faltam, dentre elas o apego afetivo... ah, e posso ser
bom com mentiras.
Voltando ao assunto da pobre menina; ouvi dizer que ela está
ali parada (com aquela cara de cego no tiroteio) a mais de meses (desde que a
despejei de mim). Ela não tem comido, não tem dormido e nem lido. Valente essa
menina! Recordo-me de suas ultimas palavras: “Eu voltarei, provarei que sou boa
o bastante para ficar.” Ingenuidade! Ela não voltará. Mas confesso que o fato
dela estar lá fora, lutando contra seus medos e enfrentando os seus pesadelos
me comove. Mas comoção não é o suficiente, o valor a ser pago é maior, muito
maior do que ela é.
O mundo é frio e seco (apesar da agradável temperatura que
faz detrás dessas janelas no topo deste edifício.) e não acredito que ela suporte
ficar muito tempo ali parada. Em breve ela se cansa ou deixa de suportar a
baixa temperatura! Logo o que ela acredita ser eterno passa! Sem tardar ela
aprenderá que ao invés de me esperar, ela deve procurar o “eu” (dela) perdido
no passado!
Não adianta esperar por algo concreto se és mera abstração!
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