segunda-feira, 8 de julho de 2013

Uma folha desnorteada pela primavera


 Eram milhões de pessoas ao redor da pobre (de espírito) moça. Todas atônitas e rápidas passavam de um lado para o outro sem que vissem a menina. Seus olhos grandes e marejados de espanto revelavam um alguém perdido, desencontrado de si e deixado a mercê. Eu via tudo de minha janela. Eu conhecia a moça. Eu a deixei lá!
Lembro-me que quando ela chegou a minha vida, estava daquela mesma forma, perdida. E eu abri as portas do meu peito. Deixei que ela e todos os seus demônios interiores e exteriores entrassem. Só que sou casa de passagem, o preço a se pagar dentro de mim é alto e ela não teria “cacife” para tal. Muitas coisas me faltam, dentre elas o apego afetivo... ah, e posso ser bom com mentiras.
Voltando ao assunto da pobre menina; ouvi dizer que ela está ali parada (com aquela cara de cego no tiroteio) a mais de meses (desde que a despejei de mim). Ela não tem comido, não tem dormido e nem lido. Valente essa menina! Recordo-me de suas ultimas palavras: “Eu voltarei, provarei que sou boa o bastante para ficar.” Ingenuidade! Ela não voltará. Mas confesso que o fato dela estar lá fora, lutando contra seus medos e enfrentando os seus pesadelos me comove. Mas comoção não é o suficiente, o valor a ser pago é maior, muito maior do que ela é.  
O mundo é frio e seco (apesar da agradável temperatura que faz detrás dessas janelas no topo deste edifício.) e não acredito que ela suporte ficar muito tempo ali parada. Em breve ela se cansa ou deixa de suportar a baixa temperatura! Logo o que ela acredita ser eterno passa! Sem tardar ela aprenderá que ao invés de me esperar, ela deve procurar o “eu” (dela) perdido no passado!

Não adianta esperar por algo concreto se és mera abstração!

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